quarta-feira, 16 de junho de 2010

Temporais no RS

Uma frente fria avançou sobre o Rio Grande do Sul nesta terça-feira trazendo de volta os temporais ao sul do estado. Fazia quase um mês que não se registravam descargas elétricas na região, apenas chuvas estratiformes sem atividade convectiva. Os temporais foram intensos com alta atividade elétrica, e algumas regiões registraram acumulados de chuva de até 40mm durante a madrugada.
A imagem abaixo mostra a instabilidade sobre o sul do RS por volta das 4h da madrugada de terça para quarta, quando foram registrados fortes tormentas. O radar de Canguçu a esta hora indicava uma forte linha de instabilidade que avançava no sentido leste-oeste, em que haviam várias tempestades fortes.


No começo da manhã outra zona instável avançou pela fronteira do estado e trouxe novos temporais. A formação já é vista em seu estágio inicial sobre o Uruguai na imagem de satélite de cima. Abaixo se nota a intensidade desta área de convecção, a qual chegou no RS por volta das 7h da manhã.
A meteorologia argentina caracterizou o avanço de uma frente estacionária sobre o RS, que encontrou-se com outra região instável no norte do estado. A análise de imagem de satélite
 mostra a linha tracejada em azul no norte e a frente estacionária(linha contínua azul-vermelha) avançando pelo sul. Esta frente foi a responsável pela chuva no sul do estado nesta quarta-feira.


Tudo indica que esta frente estacionária deverá mesmo estacionar sobre o centro-norte do RS e por lá ficar até o fim de semana, quando a instabilidade será reforçada e fará a frente avançar. O resto da semana deverá ser muito instável no norte do estado, com possíveis acumulados significativos de chuva. 
O avanço desta frente, como de costume, trará ar frio para o estado já no começo da semana que vem.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Forte Anticiclone mantém o ar frio no sul

A massa de ar que está atuando sobre o sul do Brasil, garantindo mínimas de poucos graus acima de zero nesta semana, está se intensificando. Porém seu núcleo continua no oceano Atlântico, na costa leste do Sul da América do Sul.
As regiões de alta pressão no litoral do Sudeste impedem o avanço da massa de ar para o Norte, o caminho natural. O que ocorre, portanto, é um deslocamento para leste, ou seja, para o oceano. Assim a circulação desse sistema, o qual gira no sentido anti-horário, manda umidade para o continente exatamente sobre o RS, o que causou chuva fraca durante esta quinta-feira no litoral.


Durante o fim de semana o forte ciclone extratropical que se dirige em direção à costa oeste da América do Sul deverá provocar grandes acumulados de chuva na parte sul da Cordilheira dos Andes, devido à orografia. Este ciclone instabilizará a atmosfera no sul do continente e empurrará a massa de ar mais para o oceano. A partir do sábado ja pode chover no oeste do RS, e durante o domingo. No início da semana os modelos indicam a formação de um ciclone na costa da Argentina, o qual impulsionaria nova massa de ar frio. Há divergência entre os modelos quanto ao horário e à posição desse sistema.

domingo, 6 de junho de 2010

Ondas de montanha

As Ondas de Montanha são formadas quando ventos de 20 nós ou mais atingem perpendicularmente (com desvio máximo de 50° de ângulo) uma montanha com 30° ou mais de inclinação. A barlavento da montanha, o ar é forçado a subir, enquanto à sotavento desce e estende seu efeito para baixo sobre o vale sob a forma de ondas, que podem se propagar por vários quilômetros, sendo as ondas mais próximas à montanha as mais turbulentas.
A turbulência nesse caso é de origem mecânica e sua extensão e intensidade dependem diretamente da velocidade do vento, da rugosidade do terreno, altura do obstáculo e da estabilidade do ar.
Apesar de serem mais intensas de acordo com a altitude mais elevada, as ondas de montanha podem ocorrer em qualquer faixa de terreno montanhoso ou sucessão de cristas com pelo menos 300 pés ou mais de altura.
A turbulência gerada por uma Onda de Montanha pode ser tão intensa quanto à ocasionada por uma trovoada, por exemplo; em experimentos foram encontradas acelerações de 2G a 4G em correntes violentas de ar, tanto horizontal quanto verticalmente e, em uma certa ocasião, foram excedidos os 7G, com variações de 2000 a 3000 pés por minuto.
O fenômeno pode ser detectado visualmente através das nuvens lenticulares, em forma de discos voadores a invadir o céu. Tais nuvens se formam a barlavento das elevações montanhosas e têm posição estacionária, assim como as chamadas nuvens capuz (espécie de chapéu que se forma sobre a parte superior das serras) que, além da turbulência associada, encobre os picos das montanhas. Logo abaixo do fluxo das ondas podem se formar as nuvens rotoras e, junto a estas se encontra a turbulência mais severa, principalmente dentro e abaixo dessas nuvens. Estas ondas são mais frequentes no inverno, quando a atmosfera está estável, e as ondas apresentam um padrão bem definido.


                                 
Há onda de montanha que são "invisíveis", pois não há formação de nuvens por falta de umidade. Este é um grande problema para a aviação, pois a turbulência em céu claro pode causar acidentes aéreos.
Na Cordilheira dos Andes este fenômeno é comum devido ao fluxo de oeste persistente em altitude.
A Aeronáutica tem em seu manual de vôo dicas importantes sobre a pilotagem perto de ondas de montanha:
* Se não for possível evitar as ondas de montanha, deve-se voar a uma altitude que ultrapasse pelo menos 50% a altura das elevações;
* Alcance a altitude de 3000 a 5000 pés acima das elevações antes de cruzá-las;
* O melhor procedimento para cruzar as montanhas é com um ângulo de 45° para possibilitar uma rápida retirada no caso da turbulência ser encontrada;
* Evite nuvens lenticulares, principalmente se os seus bordos estiverem esfarrapados e irregulares;
* Evite as nuvens rotoras pois elas se encontram nas áreas de turbulência mais intensa das ondas de montanha;
* Não confie excessivamente nas leituras do altímetro próximo a picos montanhosos, pois podem indicar altitudes superiores a 1.000 pés em relação à altitude real;
* Escolha previamente uma rota mais favorável.
Vídeos de ondas de montanha:
http://www.youtube.com/watch?v=Qndz-9K4cGA&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=7qb5NzC4mN8&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=LPqP4YJVwOg&feature=related