domingo, 6 de junho de 2010

Ondas de montanha

As Ondas de Montanha são formadas quando ventos de 20 nós ou mais atingem perpendicularmente (com desvio máximo de 50° de ângulo) uma montanha com 30° ou mais de inclinação. A barlavento da montanha, o ar é forçado a subir, enquanto à sotavento desce e estende seu efeito para baixo sobre o vale sob a forma de ondas, que podem se propagar por vários quilômetros, sendo as ondas mais próximas à montanha as mais turbulentas.
A turbulência nesse caso é de origem mecânica e sua extensão e intensidade dependem diretamente da velocidade do vento, da rugosidade do terreno, altura do obstáculo e da estabilidade do ar.
Apesar de serem mais intensas de acordo com a altitude mais elevada, as ondas de montanha podem ocorrer em qualquer faixa de terreno montanhoso ou sucessão de cristas com pelo menos 300 pés ou mais de altura.
A turbulência gerada por uma Onda de Montanha pode ser tão intensa quanto à ocasionada por uma trovoada, por exemplo; em experimentos foram encontradas acelerações de 2G a 4G em correntes violentas de ar, tanto horizontal quanto verticalmente e, em uma certa ocasião, foram excedidos os 7G, com variações de 2000 a 3000 pés por minuto.
O fenômeno pode ser detectado visualmente através das nuvens lenticulares, em forma de discos voadores a invadir o céu. Tais nuvens se formam a barlavento das elevações montanhosas e têm posição estacionária, assim como as chamadas nuvens capuz (espécie de chapéu que se forma sobre a parte superior das serras) que, além da turbulência associada, encobre os picos das montanhas. Logo abaixo do fluxo das ondas podem se formar as nuvens rotoras e, junto a estas se encontra a turbulência mais severa, principalmente dentro e abaixo dessas nuvens. Estas ondas são mais frequentes no inverno, quando a atmosfera está estável, e as ondas apresentam um padrão bem definido.


                                 
Há onda de montanha que são "invisíveis", pois não há formação de nuvens por falta de umidade. Este é um grande problema para a aviação, pois a turbulência em céu claro pode causar acidentes aéreos.
Na Cordilheira dos Andes este fenômeno é comum devido ao fluxo de oeste persistente em altitude.
A Aeronáutica tem em seu manual de vôo dicas importantes sobre a pilotagem perto de ondas de montanha:
* Se não for possível evitar as ondas de montanha, deve-se voar a uma altitude que ultrapasse pelo menos 50% a altura das elevações;
* Alcance a altitude de 3000 a 5000 pés acima das elevações antes de cruzá-las;
* O melhor procedimento para cruzar as montanhas é com um ângulo de 45° para possibilitar uma rápida retirada no caso da turbulência ser encontrada;
* Evite nuvens lenticulares, principalmente se os seus bordos estiverem esfarrapados e irregulares;
* Evite as nuvens rotoras pois elas se encontram nas áreas de turbulência mais intensa das ondas de montanha;
* Não confie excessivamente nas leituras do altímetro próximo a picos montanhosos, pois podem indicar altitudes superiores a 1.000 pés em relação à altitude real;
* Escolha previamente uma rota mais favorável.
Vídeos de ondas de montanha:
http://www.youtube.com/watch?v=Qndz-9K4cGA&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=7qb5NzC4mN8&feature=related
http://www.youtube.com/watch?v=LPqP4YJVwOg&feature=related

Um comentário:

  1. "Tais nuvens (lenticulares) se formam a barlavento das elevações montanhosas..."

    Não seria a sotavento?

    excelente texto, obrigado!

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